terça-feira, 3 de julho de 2012

O valor da Copa e dos Jogos

The value of the Cup and the Games
O Globo, Opinião, 09/fev
Quando o Brasil sediou sua primeira Copa do Mundo, em 1950, o desenvolvimento do país dava os primeiros passos. Contando com 50 milhões de habitantes, vivíamos, à semelhança de hoje, uma época de prosperidade, com um crescimento de 8% ao ano e a expansão do parque industrial.
Naquele ano, entrava em operação o primeiro canal de TV brasileiro, a Tupi, e tinha início a construção da maior obra de engenharia brasileira até então, o complexo hidrelétrico de Paulo Afonso. Getúlio Vargas era reconduzido à Presidência e o país parava para assistir Brasil e Uruguai, pela final da Copa, no que foi considerada a “maior tragédia do esporte nacional”.
O estádio do Maracanã, “o maior do mundo”, então, foi construído em apenas três anos e inaugurado a uma semana do primeiro jogo. Ainda assim, foi o único legado concreto deixado pela Copa ao país, que não conseguiu tratar de seus problemas de insuficiência de energia e precariedade de transporte.
Passados 64 anos, o Brasil sediará, em 2014, sua segunda Copa do Mundo e, dois anos depois, os Jogos Olímpicos, uma excelente oportunidade de desenvolvimento, além de um grande privilégio para os brasileiros. No mundo atual, o esporte tem uma grande penetração em nossa sociedade, impactando todos os elos da cadeia econômica, da construção civil aos alimentos e bebidas, do vestuário à industria da informática. A realização destes dois eventos internacionais, com suas oportunidades de negócios inerentes, não deve se limitar, portanto, ao cumprimento das metas elaboradas pelas entidades organizadoras. O governo precisa saber aproveitar este momento, montando estratégias para maximizar seus benefícios e promover uma necessária transformação social.
De acordo com estudo da Fundação Getúlio Vargas, serão injetados R$ 142 bilhões na economia até a Copa de 2014 e mais R$ 50 bilhões até os Jogos Olímpicos de 2016. A previsão i que também sejam gerados 3,5 milhões de empregos, no que pode se tornar o momento de maior inclusão social da história do país, desde que c governo se disponha a qualificar nos sa mão de obra, ajudando a transformar em definitivos muitos dos empregos temporários que surgirão.
Nossas pequenas e médias empresas também precisam ser capacitadas para identificar e trabalhar as oportunidades de negócios que se apresentam, evitando que sejam aproveitadas somente pelas empresas estrangeiras que, por sua expertise, chegam em ocasiões como esta, agregadas à cauda do cometa dos jogos, levando todo o capital para fora do país.
Os clubes esportivos, futuros gestores das arenas multiuso e centros esportivos em construção, não estão sendo ouvidos. A Copa da Alemanha aumentou a receita das equipes locais em 33%, mesmo com a crise de 2008. Na França, por outro lado, o estádio de Saint Dennys, construído sem o envol-vimento do Paris Saint Germain, encontra-se hoje utilizado somente para shows eventuais e corridas de cachorros. Na África do Sul, as equipes de rugby e críquete não utilizam os estádios porque o tamanho do gramado é inferior ao necessário ou não têm estrutura adequada. Como não houve um planejamento para desenvolvimento do futebol, tão cedo os estádios não terão torcedores. Viraram, assim, uma manada de elefantes brancos, num país onde a inflação chegou a 5% e o desemprego a 25% no pós-copa.
Apesar de termos nos tornado a sexta economia do mundo, ainda estamos em décimo-nono lugar entre os países do G-20 em níveis de desigualdade, o que evidencia o tamanho dos desafios que temos pela frente. É preciso que todo o investimento realizado no país em função dos eventos esportivos seja revertido em prol do bem-estar da população, para além desse período. E fundamental que tanto o capital físico como o capital humano gerado transformem-se em capital fixo e sirvam de legado a ser usufruído pelas próximas gerações. Afinal, o potencial de transformar e evoluir encontra-se na essência da atividade esportiva, e os jogos no Brasil devem ser aproveitados em toda sua plenitude.

The value of the Cup and the Games

When Brazil hosted its first World Cup in 1950, the development of the country took its first steps. With 50 million people, lived, like today, a time of prosperity, with a growth of 8% per annum and the expansion of the industrial park.


That year, went into operation the first TV channel in Brazil, the Tupi, and had begun construction of the largest engineering project in Brazil until then, the Paulo Afonso hydroelectric complex. Vargas was returned to the presidency and the country stopped to watch Brazil and Uruguay, the World Cup final, in what was considered the "greatest tragedy of national sport."


The Maracana stadium, "the largest in the world," then, was built in just three years and opened a week of the first game. Still, it was the only legacy left by the concrete Cup to the country that failed to address its problems of insecurity and lack of energy transport.


After 64 years, Brazil will host in 2014, his second World Cup and two years later, the Olympic Games, an excellent development opportunity, and a great privilege for the Brazilians. In today's world, the sport has a great penetration in our society, affecting every link in the economic chain, from construction to food, drink and clothing to the computer industry. The realization of these two international events, with their inherent business opportunities, should not be limited, therefore, to fulfill the goals developed by the organizers. The government needs to know to enjoy this moment, building strategies to maximize its benefits and promote the necessary social transformation.


According to a study by the Getulio Vargas Foundation, will be injected U.S. $ 142 billion into the economy until the 2014 World Cup and an additional $ 50 billion to the 2016 Olympic Games. The forecast i that are also generated 3.5 million jobs in what could become the greatest moment of inclusion in the history of the country, provided that c is available to qualifying government in sa labor, helping to transform into many final of temporary jobs that will emerge.


Our small and medium enterprises also need to be trained and work to identify business opportunities that present themselves, preventing them from being exploited only by foreign companies, for their expertise, come on occasions like this, aggregated to the comet's tail of the games, taking all the capital out of the country.


Sports clubs, managers of the future multi-purpose arenas and sports facilities under construction are not being heard. The World Cup in Germany increased revenue from local teams in 33%, even with the 2008 crisis. In France, on the other hand, the stage of Saint Denys, built without the involvement of the Paris Saint Germain, is now only used for shows and any dog ​​racing. In South Africa, the rugby and cricket teams do not use the stadium because the size of the lawn is less than needed or do not have adequate infrastructure. As there was no planning for development of football as early stages have no fans. They turned, well, a herd of white elephants in a country where inflation reached 5% and unemployment at 25% after the Cup.


Although we have become the sixth of the world economy, we are still in tenth to ninth place among the G-20 levels of inequality, which shows the size of the challenges that lie ahead. We need all the investment in the country in terms of sporting events is reversed in favor of well-being, beyond this period. It is essential that both physical capital and human capital generated from becoming fixed capital and serve as a legacy to be enjoyed for generations to come. After all, the potential to transform and evolve is the essence of sports and games in Brazil should be availed in all its fullness.

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